Acabei de assistir a primeira parte do primeiro DVD do box “O poder do mito” de Joseph Campbell. Há tempos me interessava em conhecer mais sobre esse autor, mas nunca dava certo. Há algumas semanas, meu amigo Eduardo Carvalho me indicou o DVD e por impulso comprei o box no mesmo dia. Hoje consegui assistir com calma, tomando um vinho, a primeira parte.
É impressionante, Campbell tem um conhecimento profundo do ser humano. Ele estudou inúmeras religiões, mitos, crenças, culturas e explica com uma didática incrível suas semelhanças.
Ele mostra, de forma muito humilde, que o homem, há milhares de anos, nos mais diversos lugares do mundo, busca as mesmas coisas, tem os mesmos medos, precisa vencer os mesmos desafios. É interessante perceber que nossa vida atual difere pouco, na essência, dos índios norte-americanos há mais de 100 anos. Dá uma ótima reflexão sobre a vida.
Algumas anotações que fiz, desse entrevista de cerca de uma hora.
- Todos nascemos heróis. Nascer é um ato, uma passagem heróica. Inclusive para a mãe.
- O herói muitas vezes se sacrifica, logo além de admirar, devemos sentir pena. Não é tão bom assim ser herói. Se paga um preço por isso.
- Todas as religiões têm grandes semelhanaças.
- O herói se transforma pelas provações que é submetido.
- Star Wars é um filme inspirado nos livros e conceitos de Joseph Campbell. Ele usa muito dos conceitos do que é um herói, etc. Talvez por isso fez tanto sucesso (inclusive comigo, que sou um grande fã).
- No filme Star Wars, o Jedi ganha uma espada, mas também ganha uma missão, um compromisso psicológico.
- A frase no final do primeiro filme da série “Use the force”, marca muito. E Campbell comemora a habilidade de George Lucas usar um conceito milenar numa linguagem que adolescentes de hoje entendem e apreciam.
- O herói suporta o desafio do tamanho que o ambiente mostra, e vice-versa. Ou seja, a provação, o teste é audacioso, mas não impossível.
- O filme Star Wars se passa no espaço pois atualmente o planeta inteiro está conquistado, é conhecido. Precisamos ir ao espaço para encontrar o desconhecido. Há 50 anos isso era diferente, ainda havia muitas partes do mundo desconhecidas, inexploradas.
- Me lembrei muito do filme Matrix, das escolhas, das duas pílulas, das duas realidades.
- Associei as provações que o herói passa, dos desafios, das dificuldades descritas por Campbell, com as dificuldades de se empreender nos negócios. Talvez tenha alguma ligação e talvez por isso (me) atraia tanto.
- O grande desafio é viver dentro do sistema, se deixar de ser humano.
- Quando as pessoas encontram sua motivação interna, o que as anima, elas se acertam.
- O dragão europeu é um símbolo da cobiça. O interessante é que ele geralmente guarda ouro e moças virgens, duas coisas que guarda, conserva, preserva, mas não usufrui. Talvez o mesmo ocorra com qualquer coisa que prendemos com nossa cobiça: temos, mas não aproveitamos.
- O dragão é nosso ego. Nos prendemos dentro de nossa própria jaula.
- Não é preciso salvar o mundo. Quem se salva, salva o mundo por tabela. O mundo é um deserto, devemos focar nas pessoas, em especial em nós mesmos.
- O atleta performa quando está calmo, quando está no seu “centro”.
- Buda não diz qual a resposta, mas mostra o caminho. E cada um precisa encontrar o seu caminho.
- As igrejas são uma forma de te proteger da “loucura” do dia-a-dia. Dentro delas você encontra imagens, sons, iluminação que te acalma, que te levam a desacelerar, a refletir, a meditar.
Gostei muito dessa primeira parte e vou em breve assistir os próximos.
Uma coisa muito legal do Joseph Campbell é que ele criou sua carreira. Decidiu que seria professor de mitologia, só que essa cadeira não exisitia. Ele não desistiu. Estudou, batalhou, até conseguir. Se tornou o maior especialista do mundo no tema.